2016 – Livro de papai
Clovis Lacerda Leite

Deus existe, não o que o Homem criou

ANGÚSTIA

O pranto me sufoca a alma.
Não choro lágrimas.
Trago em mim a angústia do mundo,
Desencanto dos desafortunados e o
Desespero daqueles de quem Deus nem
Ouve os gritos…
Hiroshima, Nagasaki, Vietnã, Camboja…
Visões terríveis!
Homens famintos, mulheres esquálidas, crianças esqueléticas…
Na longa caminhada para o futuro,
Em busca de um Oriente que não desperta nunca.
E Deus onde está? O Deus dos Homens!
A alma do Homem está morta, a Humanidade está órfã.
E Deus onde está? O Deus dos Homens!
Onde está? Onde está?
Criemos outros deuses!

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, José Lacerda Leite Filho e Hocília Lacerda Leite; aos meus queridos irmãos, Maurício Lacerda Leite e Clodoaldo Leite Lacerda, in memoriam. Imorredoura saudade.


À minha inesquecível esposa, Maria Djanira Lacerda Leite, in memoriam; aos meus filhos e cônjuges, Clovis Lacerda Leite Filho, Maurício Lacerda Sobrinho e Djanise Lacerda Leite.


Aos irmãos Ary Drumond Haach, Roberto Soares de Souza, Waldemir Alves Medeiros e Javan.


Meus agradecimentos aos escritores Lauro Oliveira e Marilda Vasconcelos.
À minha sobrinha de sangue e coração Maria Auxiliadora Lacerda de Albuquerque.


Também a Francisco Edson de Oliveira e Fernanda Vanessa Lopes Souto.

APRESENTAÇÃO

O escritor Clovis Lacerda, no presente livro, de título sugestivo — Deus existe, não o que o Homem criou —, propõe-se a analisar escrituras consideradas sagradas para várias formas de religião ou livros que se dediquem ao estudo das diferentes interpretações do poder e da manifestação do Eterno.


Reúne escritos de épocas diferentes e pensamentos filosóficos distintos e neles apoia sua reflexão, extraindo não somente dessas leituras, mas de muitas situações vivenciadas, o âmago de sua tese. Clovis Lacerda procurou agrupar e conceituar aspectos convergentes com sua maneira própria de aceitar a relação do Homem com Deus.


Como cristão católico, aceito estar diante de grandes mistérios. Mas, sem dúvida, não é fácil conciliar um Deus amoroso com o fato de ser criado por Ele e, ao mesmo tempo, viver onde a miséria e a destruição nos atingem, às vezes de forma tão cruel. Daí entender a perspectiva daqueles que veem Deus e O aceitam de forma diversa.


Clovis Lacerda traça com interesse quase pedagógico um caminhar do Homem em face de Deus — livre de obrigações religiosas e até espirituais —, com linguagem acessível, sem exageros ou preocupações de recurso a termos técnicos, sem formalismos sobre o que lhe parece mais condizente com a verdade: Deus é amor e assim deve ser entendido por nós, homens, de maneira humana, isto é, um amor que se manifeste racional, e, ainda que o Homem não saia da sua imanência, está livre de qualquer transcendência que o leve a aceitar o mistério.


É louvável o trabalho de pesquisa e reflexão elaborado pelo escritor Clovis Lacerda, de acordo com o ângulo de visão em que ele se enquadra. Pertença ou não a credos que o levem a uma visão de fé incondicional à Palavra escrita ou aos dogmas de fé, o leitor terá que admirar o interesse do escritor em registrar e divulgar um trabalho que o levou a conclusões significativas, de acordo com seus conceitos.


É importante, ainda, o fato de o autor não querer guardar para si as conclusões a que chegou, mas decidir libertá-las através da literatura.


Lauro Oliveira

Clóvis Lacerda Leite, homem discreto, centrado, de inteligência e espiritualidade trabalhadas, educador como primeira profissão, traz hoje, aos 93 anos, escritos que narram seu entendimento acerca de Deus e do Homem. Para Clovis Lacerda, duas ordens distintas
regem o Universo. Classifica-as em Planos de Vontade. O primeiro seria o Plano Divino, o da Vontade de Deus, Criador do Universo. O segundo, o de uma de Suas criações, o Plano Humano, onde o Homem atua segundo sua própria vontade. Portanto, dois Planos e Vontades distintas: a de Deus e a do Homem atuando no Universo. Deus em nada interfere no Plano Humano e vice-versa.

Para Deus, interessa a harmonia do Universo, em sua grandeza. Sua Vontade está acima de qualquer desordem e imperfeição humanas.

Ao Homem cabe zelar e respeitar sua própria vida, o palco da vida (a Natureza) e seus semelhantes, segundo suas próprias leis.

A Natureza nos abriga — e nos obriga — e aos nossos assemelhados.

Em suas palavras, Clovis Lacerda mostra que o mundo sofre, não por vontade divina, mas pelo comportamento humano.

A Deus importam as leis que refletem o Bem. Ao Homem, as Leis dos Homens.

Com convicção, afirma Clovis Lacerda, “Deus existe, não o que o Homem criou”, porque Deus é amor, infinitamente justo e bom. Deus não se prende às picuinhas humanas, aos desafetos e às vinganças. Deus é
paz, harmonia, bondade, equilíbrio, felicidade. Ama, sem ressalvas!

O Homem, punido em face de seus próprios atos, uma vez remido, chegará ao Plano do Pai Criador.

Clovis Lacerda, através desta obra, continua sua missão educadora. Não foi um simples professor. Foi mestre! Salientou-se pela obediência, pelo respeito e pela dedicação aos estudos e ao trabalho trazidos da família. De personalidade forte, impunha ordem e responsabilidade
aos seus subordinados.

De princípios absorvidos de sua educação cristã de berço (mariana e jesuíta), aproximou-se de Deus ao meditar sobre os propósitos do Criador. Sua obra, fundamentada à luz da lógica, é material rico para leitura e debates entre jovens e adultos interessados nos mistérios
da Criação.

Obrigada, meu tio, por mais esta aula de vida que nos dá.

Seus familiares e amigos, aqui e do outro lado, o aplaudem.

Que Deus jamais te falte!

Maria Auxiliadora Lacerda de Albuquerque

Sobrinha de sangue e coração

O objetivo deste livro é a religião como tal. O nosso trabalho tem a pretensão de mostrar, com alguns exemplos dentre centenas — talvez milhares — de narrações contidas nos livros sagrados, que o Deus criado
pelos homens não condiz com o Deus verdadeiro em quem nós cremos. Não nos preocupamos com a origem nem o fim, mas com o que se escreveu sobre isso.

Sabemos que Deus existe e que é impossível negar Sua existência, que Ele é evidente por Suas obras, que não existe acaso. O acaso é o acontecer sem ser esperado. Tudo é fruto de uma inteligência que concebe, cria, transforma, evolui, aperfeiçoa, mantém e destrói.

Não cremos no Deus que o Homem criou, o que tem nomes diversos. Nossa tese é esta: Deus existe, não o que o Homem criou.

O Deus criado pelo Homem é fruto da sua luta pela compreensão de algo que justifique e explique o que existe, acontece e acontecerá.

O Homem não se basta com o conhecimento do que é tangível; busca conhecer o inatingível, o mistério; busca resposta para o sentido da vida, só a encontrando em Deus.

Criou, então, um corpo de doutrina para o seu relacionamento com Ele, fazendo-se também Seu representante, Seu intermediário. Criou normas de conduta, segundo a sua cultura, a serem seguidas nas relações em si.

O Homem criou um Deus cheio de rancor e de responsabiliza-O por tudo que de mau lhe acontece, criou um Deus vingativo, do pecado e do castigo.

Deus existe, não o que o Homem criou.

<material removido, disponivel no livro impresso>

BIOGRAFIA

Clovis Lacerda Leite, filho de José Lacerda Leite Filho e Hocília Lacerda Leite, nasceu em 24 de agosto de 1922, na cidade do Recife/PE. Pouco depois, mudou-se com a família para Aracaju/SE, onde começou seus estudos, primeiro na Escola Dona Glorinha e, em seguida, no Colégio Salesiano.

Posteriormente, retornou ao Recife, onde vive até hoje. Sempre estudou em escolas religiosas, tais como: Grupo Escolar Frei Casimiro, Nóbrega, concluindo os cursos primário, ginasial e médio.

Adquiriu vasta, sólida e variada formação religiosa, para a qual muito contribuiu seu genitor, esoterista e espírita praticante.

Participou da Segunda Guerra Mundial como combatente incorporado ao 14º Regimento de Infantaria, no período de 1943 a 1945.

Cursos superiores:
Odontologia, pela Faculdade de Medicina e cursos anexos de Odontologia e Farmácia, no período de 1946 a 1948;
Filosofia, pela Faculdade Manuel da Nóbrega, com cadeiras de História e Geografia; e Direito, pela Universidade Católica de Pernambuco.

Foi casado com a professora Maria Djanira Lacerda Leite, tendo três filhos: Clovis Lacerda Leite Filho, Maurício Lacerda Sobrinho e Djanise Lacerda Leite.

Em relação às atividades educacionais, o professor Clovis Lacerda Leite fundou e contribuiu para o funcionamento de vários estabelecimentos de ensino, a saber:

Ginásio Municipal de Igarassu, diretor, no período de 1952 a 1957, hoje Colégio João Pessoa Guerra;

Colégio Santo Inácio de Loyola, diretor e professor, no período de 1967 a 1969;

Colégio Santa Maria, professor desde a fundação, no período de 1958 a 1969; e

Colégio Estadual Gercino de Pontes, diretor e professor.

Fundou também, com Gerson Barbalho, João Suassuna de Melo Sobrinho, Jamesson Ferreira Lima e outros, a Fundação de Ensino Superior de Olinda, em 1957, destinada ao ensino pedagógico e humanístico.

Na área literária, foi fundador e redator, junto com o professor José Eduardo da Silva Britto, da Revista Pernambuco Odontológico, que circulou no Recife no período de 1962 a 1967; e também da Revista Vida Nova, junto com o jornalista e poeta Jair Rocha, em 1948.

É autor do livro Capítulo de Cavaleiros Rosas Cruzes e Seus Graus, lançado no Recife em 2008; e sócio-fundador da Academia Maçônica de Letras do Recife, inaugurada em 09 de março de 2003.

Clovis Lacerda Leite tem como títulos: sócio remido (2º grau) do Conselho Nacional da OAB de Pernambuco, como advogado;

Sócio da Associação dos Ex-combatentes do Brasil; sócio efetivo da Associação Brasileira de Municípios;

Presidente de honra da Associação Brasileira da Agroindústria do Coco;

Ex-presidente da Sociedade dos Cirurgiões-dentistas de Pernambuco, hoje Associação Brasileira de Odontologia;

Ex-prefeito do município de Igarassu, por imposição do ex-governador Paulo Pessoa Guerra, no período de 1969 a 1973 e 1977 a 1983, tendo contribuído para a elevação do distrito de Itapissuma para município.

Recebeu o título de cidadão honorário dos municípios de Igarassu e Itapissuma.

Fundou a Loja Maçônica Capitão-mor Francisco de Morais Cavalcante, o Rotary Clube de Igarassu e o Grupo de Escoteiros de Igarassu.